Ando refletindo na relevância da internet e das novas formas de comunidades que emergem alavancadas por essa ascenção tecnológica da web.
E o âmbito que mais me atrai é o do reflexo da igreja nesse ambiente virtual. O reflexo de mim mesmo. Esse blog, venho refletindo há uns dias, é a mostra da minha insignificância no mundo real. Me desliguei de sistemas religiosos para fugir do cabresto, da ignorância, da hipocrisia e da demência. Mas, acho que eu era apenas mais um demente no meio de outros dementes. Um demente que ficou de saco cheio, é claro. Mas, ainda sim um otário que se achava piedoso e separado pra Deus.
Não quero incorrer na injustiça comigo mesmo de não reconhecer o quanto este espaço me ajuda. Arrisco dizer que mais ajuda a mim do que os outros! E vou mais longe... talvez o tenha criado apenas para mim mesmo! O que me deixa um tanto triste, visto que, critico o egocentrismo evangélico e a religiosidade que gira em torno do próprio umbigo.
Algumas mudanças são inquestionáveis. Me considero, sim, mais livre do que antes! Não libertino! Sei que hoje consigo me relacionar com a diversidade de pessoas das quais antes não conseguia nem ficar perto por causa da presunção e do ufanismo concentrado em uma mentalidade "evangélica" avalizada por uma subcultura à par do mundo real. Subcultura essa que pra mim tenho como um tipo de matrix. Da qual pulei fora, tomei a pílula vermelha. Conheci -e continuo conhecendo- a Verdade, por isso agora sou livre.
Bom, pelo menos penso que sou! O fato é que começo a experimentar um tédio espiritual. Começo a perceber minha tamanha irrelevância como membro da Igreja. Talvez, creio que seja a lacuna vazia antes ocupada pelo ativismo igrejeiro. Exercia tanto meus "talentos" que toda aquela ocupação me trazia a sensação de estar fazendo a "obra de Deus". E isso consequentemente permitia-me não refletir e não questionar nada! Até certo ponto, é claro... caso contrário, estaria eu até hoje fazendo a "obra de Deus" travestida de colaboração para o bom funcionamento da organização eclesiástica da qual estava impetrado.
Antes, quando vivia num frenesi religioso, cheio de ocupações, responsabilidades e ministérios, não conseguia parar pra pensar no meu rebuscado cristianismo. Não havia vazio para incomodar. O sistema visa não permitir que haja vãos em nossos pensamentos, em nossas reflexões, justamente para evitar que despertemos para uma fragilidade aguda da nossa espiritualidade inconforme ao Evangelho de Jesus Cristo.
Contudo, hoje, livre dessas diretivas de pensamento da subcultura gospel, experimento um ócio espiritual que me incomoda. Pensava eu não estar mais em transição desse mundo engenhosamente construído para me "doutrinar" para a realidade simples da Graça. Mas, analisando bem minha situação, posso crer que talvez ainda esteja em movimento.
Agora, experimento uma sensação nada confortável de irrelevância e neutralidade que me faz chegar a uma triste conclusão: sou um pedante.
Sim, um grande e amaneirado ostentador de uma espiritualidade não resolvida. Talvez para os mais críticos inconiventes com este blog, essa seja a melhor oportunidade de descarregar suas avaliações. É meu texto mais vulnerável! Estou abrindo a minha ferida a todos. Expondo meu calcanhar de Aquiles.
Até o momento minha revolução pessoal não trouxe os resultados que tanto almejo e apregoo neste contudente espaço virtual. Embora conheça exemplos maravilhosos de pessoas que conseguem viver o Evangelho simples e autêntico de Cristo, não posso dizer que eu tenha experimentado a beleza desse estilo de vida. Por isso, acabo de cair em mim e concluo que sou um cristão parlapatão. Como bem expressa o Jota, "todo cristão ou é um missionário, ou é um impostor". Não foi à toa que quando li isso fiquei bastante incomodado. Parecia querer vestir a carapuça. E talvez a tenha que vestir de fato...
Não estou dizendo a vocês que o que veem aqui é um reflexo de um fake cristão. Não, muito pelo contrário. Para os que me conhecem e conhecem este blog, sabem que este espaço é o reflexo mais fidedigno do Thiago Mendanha de carne e osso. Talvez aqui seja onde projete minhas recentes mudanças, aprendizados, descobertas e quimeras inerentes ao meu imitar a Cristo. Coisas estas que se fossem transcritas em just in time, mostrariam ao leitor um gráfico repleto de vales e picos que demonstrariam de fato um cristão tentando se acertar no que crê. Por isso pra evitar esse desgaste, aqui registram-se meus momentos mais decisivos e concluintes.
Por isso então, deixo claro mais uma recente descoberta que reflete com propriedade a expressão Um cristão incabado... que uso no header deste blog. Não tenho experiências que me somam algo que estampe aprendizado originado na positividade da vivência das Boas Novas. Se alguma vivência há que me trouxe alguma lição, infelizmente foram coisas que me trouxeram algum tipo de aversão. Do restante nada possuo! A verdade é que até o momento, não passo de um desesperado cristão livresco...
Via http://thiagomendanha.blogspot.com
Confesso que, quando li esse texto do Thiago não sabia ao certo se ria ou chorava. Ri e depois chorei.
Ri porque me vi dentro desse texto, chorei porque encarei minha realidade e pensei na quantidade de pessoas que estão e irão passar por esse mesmo tipo de situação após perceber realmente sobre o que é pregado dentro das "igrejas" hoje em dia.
Que Deus tenha piedade de todos nós.
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